Ao ser questionado por William Bonner, o capitão do exército desautorizou o general Hamilton Mourão e afirmou que suas declarações foram infelizes: ‘ele não é do meio político’
Candidato à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro concedeu entrevista ao vivo para o Jornal Nacional na noite desta segunda-feira (8). O capitão do exército, que ainda se recupera de uma facada recebida há um mês, respondeu perguntas sobre declarações polêmicas de seu vice, o general Hamilton Mourão. Bolsonaro afirmou que ‘quem vai mandar no governo é ele’ e explicou que o general não possui experiência política para tratar certos assuntos.
Mourão afirmou que a elaboração de nova constituição não precisaria passar pelo congresso de deputados eleitos, sugeriu que uma nova constituinte fosse feita por um conselho de notáveis nomeado pelo presidente e que, em caso de anarquia, um ‘autogolpe’, com apoio do exército seria uma possibilidade.
Confira abaixo a entrevista transcrita.
William Bonner:
“No mês passado, durante uma palestra, o seu vice, general Hamilton Mourão, disse que a Constituição brasileira de 1988 foi um erro. A chamada Constituição cidadã, que é o que garante a nossa democracia e que acabou de completar apenas 30 anos. O general Mourão disse que a elaboração de uma Constituição nova ‘não precisa ser feita por eleitos pelo povo’, que poderia ser feita por um conselho de notáveis, nas palavras usadas pelo seu vice, e apenas referendada, depois, pelos eleitores. Juristas dizem que a nossa Constituição não permite a convocação de uma constituinte, não há previsão para isso. Existe uma previsão de reforma por emenda constitucional, que precisa da aprovação de 3/5 dos deputados e dos senadores. E essas emendas, o senhor sabe, não podem mudar cláusulas pétreas. Essas não podem ser alteradas de jeito nenhum. Também em setembro, em uma entrevista à GloboNews, o general Mourão admitiu a possibilidade de o presidente da República perpetrar o chamado autogolpe. O que o senhor diria aos seus críticos, que se preocupam com a democracia brasileira no caso de o senhor se eleger presidente?”
Bolsonaro:
Ele é general, eu sou capitão. Mas eu sou o presidente. O desautorizei nesses dois momentos. Ele não poderia ir além daquilo que a Constituição permite. Jamais eu posso admitir uma nova constituinte, até por falta de poderes para tal. E a questão de autogolpe não sei, não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Mas isso não existe”, disse o candidato do PSL. Estamos disputando as eleições porque nós acreditamos no voto popular, e seremos escravos da nossa Constituição. Repito: o presidente será o senhor Jair Bolsonaro. E nos auxiliará sim o general Augusto Mourão… Hamilton Mourão. E ele sabe muito bem da responsabilidade que tem por ocasião da sua escolha para ser vice. O que falta um pouco ao general Mourão é um pouco de tato, um pouco de vivência com a política. E ele rapidamente se adequará à realidade brasileira e à função tão importante que é a dele. Nesses dois momentos ele foi infeliz, deu uma canelada. Mas repito: o presidente jamais autorizaria qualquer coisa nesse sentido.”