Nesse dia 20 de novembro de 2018, o Brasil comemora o Dia das Consciência Negra. A data é escolhida em alusão ao dia da morte do maior líder na luta contra o escravismo no Brasil, Zum dos Palmares. No entanto, para muitos a data ainda não representa importância.
Por conta disso, a revista Sputnik News reuniu 10 motivos para justificar a importância da reflexão nesta data. Em 2018, o Brasil comemora 130 anos da abolição da escravatura. Confira abaixo.
- Negros são a maioria da população brasileira, 54,6%
A população negra brasileira é a maior parte da população nacional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros, soma de pretos e pardos, são 54,6% da população brasileira. O IBGE mede a população através de autodeclaração nos censos. Apenas a partir de 2010, os negros se tornaram maioria nas estatísticas do instituto.
- Brasil tem a segunda maior população negra do mundo
O Brasil é o maior país negro fora da África e o segundo país em número de habitantes negros no mundo, atrás apenas da Nigéria. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) o Brasil tem 112,7 milhões de habitantes negros.
- Negros são 71,5% dos assassinados no Brasil
Segundo dados do Atlas da Violência de 2018, a população negra foi vítima de 71,5% dos assassinatos no Brasil entre 2006 e 2016. Nesse mesmo período, o número de assassinatos de negros subiu 23,1% no Brasil, enquanto o número de assassinatos de não negros caiu 6,8%. Em 2016 foram registrados 62.517 homicídios. Entre negros a taxa de homicídios foi de 40,2 a cada 100 mil habitantes e de 16 a cada 100 mil para o resto dos brasileiros.
- A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado no Brasil
Em 2016 uma CPI instaurada no Congresso Nacional sobre assassinatos de jovens no Brasil apontou que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinato no Brasil. Os números da CPI mostram que 53% dos homicídios no Brasil são de jovens, e deste, 77% são negros. A CPI também aponta que há um “genocídio da população negra” no Brasil.
- Mulheres negras são mais mortas que mulheres brancas
Segundo dados do Atlas da Violência de 2018, o número de homicídios entre 2006 e 2016 aumentou 15,4% entre mulheres negras e diminuiu 8% entre mulheres brancas. Em 2016, a taxa de homicídio entre mulheres negras foi de 5,3 a cada 100 mil mulheres, enquanto entre brancas a taxa foi de 3,1 a cada 100 mil. A diferença entre os dois grupos é de 71%.
- Negros têm salário médio mais baixo que de brancos
Segundo dados do IBGE divulgados em 2017, os brancos brasileiros têm um salário médio de R$ 2.697,00 enquanto os negros brasileiros têm um salário médio de R$ 1.534,50. A diferença entre os dois grupos é de R$ 1.162,50, acima de um salário mínimo. Dados do Ministério do Trabalho mostram ainda que entre pessoas com ensino superior, os negros no Brasil ganham apenas 67% do que ganham os brancos.
- Negros são 64% dos presos no Brasil
No Brasil, a proporção de negros presos é maior do que na população geral. Números de 2017 apontam que a população carcerária brasileira, a terceira maior do mundo, é composta por um contingente de 64% de negros. Os dados são do Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen). Atualmente a população carcerária brasileira é de 726 mil pessoas.
- Mulheres negras são maioria entre as presas
Entre os anos de 2000 e 2016, a população carcerária feminina no Brasil cresceu 455% e o número de mulheres presas chegou a 42.355. No entanto, a maioria delas é de mulheres negras, que somam 62% da população carcerária. A diferença não para por aí. A taxa de aprisionamento de mulheres negras é de 62,5 a cada 100 mil habitantes, enquanto a de mulheres brancas é de 40,1.
- Entre policiais, negros são os mais mortos
Um levantamento realizado em 2016 mostra que dos 437 policiais mortos em atividade naquele ano, 56% eram negros e 43% brancos. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
- Congresso continua mais branco
A maioria negra na população brasileira não se reflete na composição da Câmara dos Deputados e do Senado no Brasil. As eleições de 2018 tiveram aumento de negros na Câmara, porém, apenas 24,36% dos deputados eleitos são negros e 75% são brancos. Nas eleições de 2014, os deputados negros formaram 20,06% da Câmara, enquanto os brancos eram 79,92%. Entre os senadores, foram eleitos 14 negros em 2018, quando 32 vagas foram disputadas. O Senado tem 81 cadeiras, porém não há um levantamento oficial sobre o número de senadores negros eleitos no último pleito.
(Lista: Revista Sputinik News)