Em nota, a empresa afirmou que os manifestantes tentaram invadir a área da mineradora e lançaram foguetes contra a segurança. Empresários que exploram manganês na região negam a versão da mineradora e afirmam que as manifestações são pacíficas
Centenas de trabalhadores e empresários diretamente ligados à exploração de manganês na região de Curionópolis e Eldorado continuam as suas manifestações contra a Operação Migrador. A ação da Polícia Federal tem o objetivo de combater a exploração do minério na região, no entanto os trabalhadores e empresários afirmam que a saúde econômica da região está diretamente ligada ao trabalho com o minério e que muitos postos de trabalho estão fechados graças ao impedimento do trabalho de exploração. Os manifestantes afirmam ainda que a mineradora Vale é detentora dos direitos sob o minério, mas que não tem interesse nenhum na sua exploração e nem permite que os outros o façam.
Durante a semana, os trabalhadores foram às ruas para protestar de forma mais enérgica contra a operação. A rodovia BR-155 foi fechada em protesto e, de acordo com eles, permaneceria assim até que as negociações fossem concluídas.
O ápice da tensão entre as duas partes aconteceu na noite desta quinta-feira (15). Seguranças da mineradora atiraram contra os manifestantes. Caminhões foram atingidos pelas balas e uma atingiu o peito de um dos trabalhadores com bala de borracha e a perna de outro com uma bala de verdade.
Por meio de nota, a Vale informou que os seguranças revidaram uma agressão por parte dos manifestantes. Segundo a empresa, rojões e foguetes foram atirados contra os guardas, pouco depois que os manifestantes tentaram invadir e vandalizar, pela terceira vez, as instalações da Serra Leste (principal projeto da Vale em Curionópolis) utilizando um caminhão. Ainda em nota, a mineradora afirmou que repudia a violência, mas que as ações foram neutralizadas. De acordo com a empresa, a justiça já deferiu liminar que determina a distância mínima de 2km das áreas da empresa.
Os trabalhadores, no entanto, negam a versão da empresa e afirmam que os foguetes para disparados para cima; sem intenção nenhuma de ferir os seguranças. “Eles se assustaram com o barulho dos foguetes e atiraram com balas de borracha; inclusive empenharam armas contra um dos nossos e ele levantou o braço, rendido. Logo em seguida, quando viram que eles atiraram em nós com balas de borracha, aí o pessoal jogou os foguetes na direção deles mesmo. Aí foi que veio as balas de verdade. As fotos estão aí. Vários colegas foram atingidos com balas de borracha e outros dois com bala de verdade. Isso é um absurdo” afirmou um dos líderes por meio de um áudio divulgado nas redes sociais.”
Ainda em áudio, o trabalhador questionou a Vale. “No texto, a empresa diz que repudia a violência. Como eles repudiam a violência e atiram dessa forma contra nós? Eles precisam domesticar os seus cães de guarda antes. Nossos caminhões ficaram todos furados de bala e ainda acertaram dois companheiros nossos. São pais de família e a agressão foi injusta.”
A tensão continua e os dois lados ainda não chegaram a um acordo.