O paciente Luiz Ribeiro da Silva, 60 anos, teria ido até a clínica para fazer um exame de endoscopia, que teria sido solicitado pelo profissional, que atendia como clínico geral, em uma clínica particular na folha 32 na Nova Marabá.
O que não era esperado, era o paciente morrer durante a endoscopia. O médico que realizava o procedimento, acabou sendo preso imediatamente. Uma equipe da Polícia Civil, já estava na clínica, investigando o profissional. A esposa de Luiz Ribeiro, que trabalhava como motorista, contou que o marido estava bem e não estava sentindo nenhum mal-estar e que tão pouco passou pela triagem necessária.

“Eu fui fazer o exame de endoscopia, que ele mesmo pediu, e quando chegamos lá não fizeram a averiguação de nada, porque ele era hipertenso e ele estava em jejum, é por isso que eu culpo eles porque não tiveram a atenção devida à ele. Esta foi a primeira vez que fomos consultar com o Dr. Leandro, na clínica só tinha ele, não tinha outra opção, eu considero negligência. Ele estava bem, sentou na cadeira, eu vi ele deitado na maca e dizendo que não iria demorar e que logo eles iriam sair para merendar. Depois percebi que não estava nada normal dentro sala, e vi todos nervosos, e escutei um ronco, e falei que não estava tudo bem, e todos ficaram me olhando, logo em seguida a polícia já entrou na sala” relatou Neuraci Batista, viúva.

Indignada a mulher espera por justiça.
“Negligência, eu confiei nele como profissional, tenho filho de menor, meus filhos ficaram sem pai, e agora como vai ser? Eu vou atrás de justiça, para que não aconteça com outro pais de família” desabafou Neuraci.
Leandro Augusto Alves Oliveira, foi preso durante a tarde de terça-feira, 25, no local de trabalho. De acordo com relatos da polícia o profissional estava sendo investigado desde setembro do ano passado, por exercício ilegal da medicina.

A equipe da polícia civil, estava na clínica conversando com pacientes atendidos por Leandro Augusto, quando ocorreu a morte do paciente de 60 anos. De acordo com relatos da Polícia Cívil Leandro Augusto, teria forjado o histórico acadêmico, ele teria comprado o certificado de conclusão dos cinco primeiros períodos em uma Instituição de Ensino Superior em Guairá no Paraguai e depois ele apresentou esse documento em um Faculdade Brasileira, conseguindo se matricular e concluir o Curso de Medicina. A investigação teve início após solicitação do Ministério Público do Estado do Pará.
“Nós recebemos uma denúncia anônima de que esse senhor estava fazendo exercício ilegal de medicina, mas essa denúncia não tinha os dados, era uma denúncia anônima. Não era um típico caso, ele dependia de uma investigação mais apurada e essa investigação foi requisitada de imediato”, relatou a promotora de justiça, Lorena Moura de Miranda.
Ao dar início a investigação foi verificado que o médico denunciado possuía diploma e CRM, que é o registro no Conselho Regional de Medicina.

“Foi necessário oficiar o Ministério da Educação, oficiar a faculdade onde o médico teria estudado e se formado. Com a informação dessa faculdade, tivemos que oficiar a segunda faculdade, que ele foi transferido, a Universidade Brasil”, detalhou o delegado Márcio Brasil, que estava à frente das investigações.
Com as informações, foi verificado que o “médico” não teria cursado do 1º ao 5º ano na Universidade privada de Guairá no Paraguai, entre os anos de 2014 e 2016, neste período Leandro Augusto estava em Marabá e estava atuando como fonoaudiólogo pela Prefeitura de Marabá e em uma clínica particular da cidade.
“Logo verificou-se uma inconsistência, uma impossibilidade factual, no sentido de que uma pessoa não pode estar em dois locais ao mesmo tempo, ele não poderia estar lá no Paraguai estudando e estar aqui em Marabá prestando atendimento na área de fonoaudiologia”, informou o delegado.
Na tarde de terça-feira, os policiais souberam que Leandro Augusto estaria atendendo na clínica e se deslocaram para o local e abordaram os pacientes que eram atendidos pelo profissional investigado. Instante em que os policiais perceberam a chegada de uma ambulância do SAMU, e os investigadores foram informados da morte do paciente.
”Elaboramos o procedimento flagrancial por homicídio por dolo eventual, uma vez que ele não era médico e estava assumindo o risco de causar uma lesão ou a morte de alguém. Além disso, ele foi autuado por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica, uma vez que ele tem um documento verdadeiro, mas com informações falsas”, informou o delegado Márcio Brasil.
Reportagem: Redação Portal Carajas Noticias