Enquanto os dados em bairros mais pobres apontam para a necessidade de reforço nas ações locais, a Secretaria de Saúde destinou esforços para Amec Ville, bairro de alto padrão, sem casos registrados
Enquanto o Ministério da Saúde e o bom senso apontam para o caminho do atendimento às comunidades onde há mais casos registrados de leishmaniose, a Secretaria de Saúde fecha os olhos e atende às conveniências. O município já teve duas mortes de crianças confirmadas com a doença, ambas vindas de bairros mais pobres, e, mesmo assim, o Governo destinou tempo e recursos para bairros onde a incidência do mal é quase inexistente.
Em abril, no dia 05, equipes da Vigilância Ambiental foram até o Residencial Amec Ville, um condomínio de luxo de alto padrão, para realizar diagnósticos da doença. O que acontece é que, enquanto o público que detém mais dinheiro tem mais assistência por parte do Governo, bairros menos abastados, com pessoas de menor conhecimento e com mais casos confirmados da doença, quase não contam com o suporte da saúde pública.
Comunicado aos moradores do condomínio de luxo
Segundo uma pesquisa realizada em 2017, no bairro Nova Vitória, 50% da população do lugar somente “ouviu falar da leishmaniose”. Questionados se conheciam os primeiros sintomas da doença, 87,50% das pessoas do bairro disseram que não. O mais preocupante, no entanto, ficou para o final: 90% dos parauapebenses, moradores do bairro pobre, disseram não saber quais as formas de se prevenir da leishmaniose visceral.
Pesquisa realizada no bairro Nova Vitória
Por qual motivo não houve mais ações com a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) Era de conhecimento de todos que o trabalho, em conjunto com a instituição, era importante para a educação da população.
Ação em conjunto com a UFRA.
Enquanto morrem crianças em leitos de hospital, inclusive com relatos de mau atendimento e tratamento apenas com soro, a Prefeitura parece ignorar as campanhas de educação para as camadas mais pobres da sociedade. Quem paga a conta do descaso?
As grandes dúvidas são inevitáveis: será que a quebra de padrões do Ministério da Saúde, e do bom senso, não estão resultando em mortes? Quantas crianças mais morrerão por conta da desinformação?
O preço a se pagar, às vezes, é alto demais.