Manifestantes se posicionam contra uma operação da Polícia Federal que impede a continuidade da extração de manganês na região. Empresários e trabalhadores do setor minerários afirmam que a economia local está prejudicada com o avanço da operação
Empresários e trabalhadores do ramo minerador, com o apoio de pecuaristas, interditaram a rodovia BR-155, na saída de Eldorado dos Carajás sentido Marabá, nesta terça-feira (13). Os trabalhadores reivindicam o fim de operações de fiscalização do Ibama e da Polícia Federal que impedem a exploração do manganês. De acordo com eles, o minério é responsável por impulsionar a economia da região e boa parte da população está saindo prejudicado por conta das operações.
A rodovia foi fechada já nas primeiras horas da manhã. Nos dois sentidos da pista, as filas de carros e principalmente caminhões chegaram a quase quatro quilômetros de extensão. A Polícia Rodoviária Federal esteve presente no lugar para fazer o controle do tráfego e evitar maiores transtornos.
Em um áudio divulgado, um dos líderes do protesto, que preferiu não se identificar, falou sobre os principais objetivos da reivindicação. “Nós queremos a suspensão imediata dessas operações da PF e do Ibama, pois estamos em um momento de transição de governo. Não é admissível que os garimpeiros e mineradores sofram represálias, ações politiqueiras por meio de agentes públicos que, porque ainda estão exercendo cargos públicos majoritários, venham agir de forma truculenta e fazendo operações que não condizem com a realidade e nem com o papel que deveria estar fazendo a PF. Nós estamos no final do governo e deveriam esperar para que o novo governo tome decisões adequadas. Estamos sofrendo represálias; essa ações são truculentas e até criminosas contra pessoas que são trabalhadoras e que estão gerando emprego e renda na região.
O líder do movimento afirmou que forças unidas podem contribuir para o fim das operações. “Nós queremos que todos se unam para que a gente possa acabar com essas fiscalizações desleais contra os trabalhadores da região. Vale lembrar que a gente quer negociar. Exigimos a presença do Ministério Público, a presença do Ministério da Justiça, Minas e Energia e Meio Ambiente. Enquanto não tivermos essa negociação, nós permaneceremos na rodovia até que possamos ter uma solução.”
Além do fim das operações, os manifestantes também exigem que os demais trabalhadores presos sejam imediatamente liberados. “São pais de famílias que estão presos e sendo tratados como criminosos; são pessoas de bem que se preocupam com o bem estar da população. É muita humilhação e não podemos admitir. A justiça deve cumprir o seu papel, mas não com ações truculentas e politiqueiras” finalizou o líder pelo áudio.
Não é de hoje que os empresários e garimpeiros da região se mobilizam em torno da causa. Desde o primeiro semestre, os trabalhadores tentam se reunir com representantes da Vale para chegar a um acordo, visto que a multinacional é detentora dos direitos de exploração do manganês, mas não explora e nem permite que os demais o façam.
A Operação Migrador cumpriu dezenas de mandados de prisão nos últimos dias. Com o fim da exploração do manganês, centenas de pessoas estão sem trabalho e a economia de municípios como Eldorado, Curionópolis e Parauapebas está prejudicada.