Olha, amor, não foi fácil, mas te esqueci. Foram três dias de samba, cachaça, suor e choro, mas te esqueci. Trepei sem camisinha com estranhas e estranhos pra digerir o teu desprezo, mas te esqueci. Te esqueci de um jeito definitivo – memória apagada, quebrada, largada.
Esqueci da praça, dos beijos no escuro, do muro que a gente fez em torno da gente pra suportar tudo. Olha, amor… Eu te esqueci muito e isso me fez melhor. Parei de lembrar que já são 375 horas desde o teu último beijo; parei de contar os minutos. Eu superei e fui adiante.
Já consigo ouvir Mallu Magalhães sem chorar lembrando de ti, pois ‘sei que você não gosta nada dessa história de vai e vem’. Amor, a nossa felicidade não ficava só nos microssegundos. Nossa felicidade eram noites inteiras, tardes, manhãs, frases definitivas. Meu amor, tua saudade virou arte sem graça e o teu desprezo virou ressaca, putaria e DST.
Olha, nega… Eu te esqueci e isso já tá resolvido, ta tudo bem já, mas o que não sai da minha cabeça, o que não consigo entender, é porque fico lembrando toda hora que te esqueci.
Quando vou parar de lembrar que te esqueci? Quintana tinha a resposta será? Duvido. Poeta não tem resposta pra nada; só sabe chorar, reclamar e questionar.
Quando vou parar de lembrar que te esqueci? Juro! Não penso mais em ti, nem lembro do teu desprezo, não fico desejando tua respiração. O que me intriga só é essa insistência em rememorar o fato de ter perdido essas lembranças.
Te esqueci. Sério, pra valer. Mas não paro de lembrar desse esquecimento.
O que faço? Cachaça, cigarro, putaria? A dor é dos diabos e ficar lembrando que te esqueci é um tormento.